Por já praticar intensamente a pesca e paralelamente, o desenvolvimento de estudos teóricos náuticos com a fundação da Escola de Sagres, os portugueses se sobressaíram no começo da expansão marítima. As condições geográficas e políticas, juntamente com as técnicas náuticas avançadas levaram Portugal ao pioneirismo nas navegações. Os relatos seguintes dão uma idéia das dificuldades enfrentadas pelos navegantes europeus durante as viagens:
(...) Já não tínhamos nem pão para comer, mas apenas polvo impregnado de morcegos, que tinham lhe devorado toda a substância, e que tinham um fedor insuportável por estar empapado em urina de rato. A água que nós viamos forçados a tomar era igualmente pútrida e fedorenta. Para não morrer de fome, chegamos ao ponto crítico de comer pedaços de couro com que se havia coberto o mastro maior, para impedir que a madeira roçasse as cordas. Este couro, sempre ao sol, à água e ao vento, estava tão duro que tínhamos que deixá-lo de molho no mar durante 4 ou 5 dias para amolecer um pouco. Frequentemente nossa alimentação ficou reduzida a serragem de madeira como única comida, posto que até os ratos, tão repugnantes ao homem chegaram a ser manjar tão caro, que se pagava meio ducado por cada um.
Antônio Pigafetta - Diário da expedição de Fernão de Magalhães (1519-22)
(...) aquém do Equador, tivemos não só muito mau tempo, entremeado de chavas ou calmaria, mas ainda perigosa navegação por causa da inconstãncia dos ventos que sopram conjuntamente; apesar de andarem nossos três navios perto uns dos outros, não podiam os pilotos observarem uma marcha uniforme... Erguiam-se repentinamente borrascas que com tal fúria açoitamvam nossas velas, que nem sei como não viraram cem vezes de mastros para baixo e quilha para cima...
O sol é fortíssimo e além do calor que padecíamos não tínhamos, fora parcas refeições, água doce nem outra bebida em quantidade suficiente. Sofríamos assim tão cruelmente a sede que cheguei a perder a respiração, e ficar sem fala durante mais de uma hora, donde se compreende que o que mais desejam os marinheiros nessas longas viagens é ver convertido o mar em água doce.
Jean de Léry - Viagem à Terra do Brasil (1578)
Veja também Esboço em vídeo sobre as Navegações Portuguesas
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Relatos das Grandes Navegações
terça-feira, 17 de maio de 2011
1 comentários:
Muito interessante este relato. fiz uma pesquisa a respeito do assunto e agradeço, pois, o relato me ajudou bastante.
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